19 julho, 2011

INVADINDO O SEU COMPUTADOR

Fique atento ao seu computador, e principalmente aos sinais de que ele foi invadido, porque no caso de um hacker usar sua máquina para cometer um crime, quem responde em um processo também é o dono do PC
A velha regra de não sair abrindo qualquer site na internet nunca foi tão importante. Em um processo civil, você pode ser culpado por uma invasão hacker mesmo sem ter tido nada a ver com o ataque, só porque não se protegeu direito. Nas recentes investidas hackers a sites do governo federal, páginas de bancos internacionais, às redes do videogame Playstation e até ao site do FBI têm assustado as pessoas.
Os ataques tiveram como alvo sites importantes, mas o medo de ser hackeado existe em todos os lugares. Os brasileiros devem temer realmente esses hackers? A advogada especialista em crimes cibernéticos Patrícia Pinheiro diz que sim. Sabe por quê? Esse criminosos podem até não querer invadir o seu computador, mas podem usá-lo para cometer outros crimes. 
E quem pode pagar por isso é você.“É importante o usuário comum buscar informação sobre como ele consegue navegar com segurança e como pode usar os equipamentos de forma correta. Ele tem o lado dele na responsabilidade. Ele deve cuidar da sua própria máquina; se é dono de um computador usado em um crime, ele tem responsabilidade como proprietário”, afirma Patrícia.De acordo com a advogada, é importante que a pessoa mantenha sua máquina atualizada e fique atenta às ameaças o tempo todo.
Criminalmente falando, o usuário pode até sair sem culpa em um processo de crime cibernético, mas em um processo civil ele pode ser considerador negligente ou conivente com o hacker. Algo como se você, por deixar seu computador desatualizado, tivesse facilitado a entrada do invasor e fosse, portanto, uma espécie de cúmplice no crime. Mas como saber se seu computador foi hackeado?  “Não tem como saber isso”, afirma      o perito em crimes digitais Wanderson Castilho. Pelo menos, se o usuário comum não tiver conhecimentos na área. “Os hackers têm a capacidade de entrar e sair de sistemas e servidores e se tornarem invisíveis”, diz Castilho.
Por isso, afirma, é até possível detectar uma invasão, mas apenas por auditorias e testes online. “Através dessas ferramentas, detectam-se brechas no sistema e a partir daí são aplicadas medidas de segurança sobre essas brechas.”Como é difícil para uma pessoa comum descobrir que seu computador foi invadido, tanto Patrícia quanto Wanderson aconselham os usuários a manter seus antivírus atualizados e a prestar atenção em sinais básicos de invasão. Um desses sinais é a atividade da máquina enquanto a pessoa está longe do computador – por exemplo quando ela sai para fazer outra coisa e, ao retornar, há uma página da internet aberta, ou algo está diferente.
Outras pistas são detectadas por antivírus comuns.“É importante que o usuário se lembre de não abrir e-mails estranhos e nem fazer o download de programas que não tenham origem conhecida”, afirma Castilho.A velha regra de não sair baixando música em qualquer site ou de abrir aquelas correntes ou e-mails supostamente de bancos agora parece valer mais que nunca. “Se por um desses programas o hacker conseguir usar o computador e transformá-lo em zumbi, o usuário pode ser responsabilizado”, diz Patrícia.
Castilho vai além no alerta: “o único limite no mundo virtual é a própria imaginação do hacker. Tudo é possível. Quanto mais conhecimento ele tem, mais acesso ele consegue. Toda informação que a pessoa tem ele pode pegar”. O alarme feito não é em vão. Castilho afirma que por causa da negligência das pessoas, os ataques a contas bancárias e com a intenção de roubar informações importantes estão se tornando mais comuns. Como ninguém se protege, e como não há legislação no Brasil que regule a área, fica fácil para os cibercriminosos. Hoje ainda não existe legislação específica.
Mas há como tipificar os crimes com o que já existe no código penal. É muito comum, por exemplo, caracterizar as infrações como falsa identidade ou ameaça – quando a pessoa fala que vai roubar seus dados. Tem também o crime de dano, quando há a invasão per se, e existe ainda formação de quadrilha”, afirma a advogada.
 Na área criminal, é necessário comprovar a autoria do crime, e, por isso, a pessoa precisa ser pega executando a atividade ilícita. “Mas na responsabilidade civil, responde o dono do computador”, afirma Patrícia. se tipo de crime é antigo. Existe desde que os computadores foram introduzidos ao mercado brasileiro. Por que parece que ficaram mais fáceis e aumentaram de número agora? “Porque temos um parque muito maior de computadores domésticos de usuários negligentes, que não prestam atenção na segurança e deixam as portas abertas para hackers”, diz a advogada. O problema, no entanto, tem remédio. “A partir do momento que alguém entra em um sistema, essa pessoa já deixou rastros”, afirma Castilho. Por isso, por mais que a pessoa sofra um ataque, ela pode recorrer às autoridades para investigar o crime. “O profissional em crimes
cibernéticos verifica padrões do invasor para identificar de onde ele veio. O computador invadido grava o IP (Protocolo de Internet) de quem entrou”, diz o perito. A solução, portanto, é acionar a polícia assim que se suspeitar que o computador foi invadido ou está sendo usado como zumbi. “Se a pessoa perceber que o equipamento está estranho, ela deve fazer uma denúncia. É como quando um documento foi furtado: se você é roubado, a pessoa pode usar sua identidade para lhe acusar”.
A primeira coisa que se deve fazer então quando se suspeita que o computador foi hackeado é um Boletim de Ocorrência. “Isso previne que a responsabilidade do ataque, mesmo a civil, recaia sobre o usuário, que também se torna vítima”, diz a advogada. Depois disso, deve-se contratar um especialista ou instalar anitvírus
melhores e tentar livrar-se do invasor. Se necessário, diz Patrícia, o usuário deve até formatar seu commputador.
Milhares de invasões são feitas por dia no Brasil, segundo ambos os especialistas, mas pela primeira vez elas têm como foco sites do governo. “Por não haver leis específicas para crimes eletrônicos, não há segurança”, afirma Castilho. “A lei do crime eletrônico não serve só para o criminoso. Ela tem que servir também para a empresa que é invadida, para o usuário”, diz o perito criminalista. Esses ataques recentes são motivo, sim, de alarde porque podem acontecer de novo e nunca se sabe se você vai ser usado ou não nesses ataques.
Você nunca sabe se o bandido não está dentro da sua máquina. E ele pode estar já agora, neste momento.No entanto, mesmo com toda essa informação da advogada Patrícia, ainda é difícil detectar essa invasão em nosso computador. Se até os sites do governo já foram atacados, imagine os nossos. Eu já disse aqui anteriormente que minha senha foi roubada, portanto, perdi meu email, tive que criar outro. Como diz aqui, o bandido por estar dentro do meu computador agora e eu não sei. Acabo eu pagando por um crime que eu mesmo não cometi. É como se alguém encontre um documento que eu perdi, e o deixa no local do crime. Quem é o criminoso?

Patrícia Pinheiro - Transcrito: Época

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